A mostra “Águas para a vida: mulheres atingidas bordando a luta” será inaugurada nesta sexta-feira (14/3), às 17h, na Biblioteca Pública do Estado (BPE), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac). Com curadoria do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a exposição tem início no Mês da Mulher e segue até 31 de maio, mês em que a enchente de 2024 completará um ano. A entrada é gratuita.
No local estarão expostas arpilleras, um tipo de bordado feito em juta – material rústico também chamado de estopa – e em retalhos coloridos de tecido, que contam uma história. Os bordados foram costurados por mulheres de comunidades atingidas pela enchente de 2024 e pelo rompimento de barragens no Rio Grande do Sul. Nos trabalhos foram costurados bolsos e, dentro deles, inseridas cartas dessas mulheres explicando o que as motivou a fazer o trabalho.
Durante o período da exposição, quinzenalmente, haverá oficinas gratuitas de bordados aos sábados, para a criação de uma
arpillera coletiva, que será doada à BPE. Os encontros ocorrem nos dias 15 e 29 de março, 12 e 26 de abril, e 10 e 24 de maio, com início às 15h. Serão disponibilizadas dez vagas. Nessas ocasiões, as mulheres do Movimento estarão presentes para conversar sobre suas histórias. Inscrições devem ser feitas pelo e-mail
bpe.acervors@gmail.com, pelo qual visitas guiadas na Biblioteca também podem ser agendadas.
“Essa é uma técnica de bordado que vem do Chile, da época da ditadura. Era a forma que as mulheres de lá encontraram para se expressar sobre tudo o que acontecia, os desaparecimentos dos filhos, maridos e os exílios. Hoje, também usamos a mesma técnica para falar o que passamos”, conta a coordenadora do MAB da Lomba do Pinheiro, Suelen Fagundes, atingida pela barragem Lomba do Sabão.
Sobre o MAB
O MAB é um movimento social de caráter nacional, atuante desde a década de 1990. Em seu Coletivo de Mulheres, trabalha com a técnica das arpilleras desde 2013, em oficinas auto-organizadas por todo o País. O objetivo dessa prática é relatar as angústias e problemas de cada comunidade por meio do bordado e dar visibilidade às violações a que essas populações são submetidas em seus territórios durante o processo de implantação e de construção de barragens, por ocasião dos rompimentos dessas estruturas e após enchentes.
Em solidariedade às comunidades atingidas pela crise climática no Rio Grande do Sul, o MAB se faz presente em diversas regiões do Estado, contribuindo com a implantação de cozinhas solidárias e auxiliando as comunidades de formas diversas. Esse processo de organização popular também conta com oficinas de arpilleras, costurando testemunhos têxteis de memória e resistência.
Serviço
Mostra “Águas para a vida: mulheres atingidas bordando a luta”
Abertura: Sexta-feira (14/3), às 17h
Onde: Saguão do 2º piso da BPE (rua Riachuelo, 1.190, Centro Histórico, Porto Alegre)
Visitação: De segunda a sexta, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 17h, até 31 de maio
Entrada gratuita